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O Engarrafado
por Roberto Afonso

Antonio Carlos entrou confiante na agência bancária. Tinha certeza de que tudo daria certo desta vez. Fizera pesquisa de mercado e o negócio que pretendia erigir não podia fracassar. Agora era tentar o empréstimo e por mãos à obra.
Assim que entrou na agência, foi recebido por uma funcionária. Segundos depois, quem o atendia era o gerente.
– Pois não, em que posso servi-lo, Senhor… Senhor…
– Antonio Carlos.
Pois não, Senhor Antonio Carlos, a que devemos a honra de sua visita a este banco?
– Seu Cornélio… – disse Antonio Carlos, lendo a placa em cima da mesa com o nome do gerente. – Sou um empreendedor, entrarei num ramo comercial que, tenho certeza, será muito viável, mas para que isso se concretize, preciso me capitalizar. Venho, portanto, pedir um empréstimo.
– Se seu problema é esse, considere-o resolvido. O Senhor tem cadastro no banco?
– Não, Senhor.
– Tudo bem. Vou encaminhá-lo à funcionária responsável. Tenho certeza de que o Senhor terá seu empréstimo. Desejo-lhe toda a sorte do mundo neste empreendimento.
Nem quarenta segundos transcorreram e Antonio Carlos estava diante da funcionária que o cadastraria.
Entre as perguntas regulares da moça, vinham essas:
– Nome da rua e número da residência.
– No momento, resido num engarrafamento.
– É? Em qual engarrafamento o Senhor reside?
– O da Marginal Pinheiros.
– Em que altura, seu Antonio Carlos?
– Do Jóquei Clube de São Paulo.
– Puxa! – disse a mulher. – O Senhor está num belo engarrafamento, com vista para o Rio Pinheiros, mas para finalizar seu cadastro, precisarei de uma foto de seu carro preso no engarrafamento, autenticada pelo DETRAN.
– Já tenho a foto comigo. Autenticada pelo DETRAN.
Entregou a foto, onde no verso se lia: “A quem de direito, declaramos que o veículo Gol, ano 2006, chapa 0171, de propriedade de Antonio Carlos, encontra-se devidamente engarrafado no congestionamento da Marginal Pinheiros, sem data prevista para liberação.”
A moça perguntou, enquanto olhava a foto:
– Há quanto tempo o Senhor está preso neste engarrafamento?
– Dois anos.
– Faz um tempinho bom. Comprou este carro financiado?
– Sim, aproveitei uma promoção sensacional, sem entrada e em oitenta prestações com dez mil de troco.
– Pela foto, reconheço o tipo do carro. Meu tio Zé Tonto tem um igual que está preso no engarrafamento da Marginal Tietê. O Senhor gostou do automóvel? Sentiu como ele é bom na pista? Meu tio adora o dele.
– Na verdade, nem pude sentir o desempenho, pois no dia da compra, já no trajeto para casa, entrei na Marginal Pinheiros em frente ao Jóquei Clube e lá fiquei engarrafado.

© Roberto Afonso 2008